quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Valores sem preço.

Por definição simples, profissão é a atividade exercida segundo as aptidões e preferências de cada pessoa, com a finalidade básica de subsistência e função social.
Gracejo de conversa de botequim é dizer que prostituição é a mais antiga "profissão" do mundo, sendo essa afirmação, além de grosseira, também irreal.
Não existe uma base confiável em que possa-se afirmar quando a venda ( aluguel, entendam como quiserem...) do corpo iniciou-se. Na antiga civilação egípcia as prostitutas eram consideradas divinas, e recebiam presentes em troca de seu toque sexual. No Império Romano também existia um certo respeito pelas profissionais do sexo, sendo elas muito ricas e instruídas, tendo até conhecimento de questões políticas.
Atualmente a prostituição invadiu a internet, existem blog's, "profissionais" agendam encontros pelo msn e mantêm um "network" confiável pelo facebook. É a tecnologia a serviço do homem.
A história de Raquel Pacheco, Bruna surfistinha, virou livro e filme, foi um sucesso. E as ferramentas modernas para a prostituição tornaram o "negócio" mais seguro, amplo, e perigosamente mais atraente para as jovens e os jovens dispostos a melhorar a condição financeira de forma menos ortodoxa .
Tentar tecer uma opinião sobre o assunto sem o viés religioso é complexo, afinal o puritanismo do século XVI, liderado pelo Cristianismo, foi o primeiro grande movimento contestador da prática; mas creio ser possível fazê-lo.
A prostituição é uma oferta de serviço que obedece a lei de oferta-procura. Existe porque existem inúmeros consumidores, assim como só há tráfico por existir usuário, só se planta tabaco por existir fumantes, etc, etc.
Mas ao contratar os serviços sexuais de alguém, o consumidor paga para usufruir do corpo de outra pessoa. Mesmo que a (o) "profissional" estabeleça o preço e as condições, é tangível o preço pelo subjugo a partir do sexo? Qual é o preço de se "usar" o corpo de outro ser humano?
Existem jovens de classe média alta que se prostituem para sustentar um padrão de vida luxuoso, se auto-intitulam acompanhantes de luxo... outras e outros que, em tese,ou não, o fazem afim de pagar estudos, e alguns são apenas sobreviventes que se prostituem para o sustento básico.
Vemos casos de sexo em troca de outros valores, como promoções no emprego ( mas qual é a profissão real então?!) , sexo em troca de glamour, a lista é extensa e não acrescenta muito.
Fato é, que a vida não é fácil para a maioria das pessoas. A pobreza, a fome, a falta de perspectivas e oportunidades, a desigualdade, todos esses males dos quais somos cúmplices silenciosos todas as manhãs, açoitam milhões de pessoas pelo mundo todos os dias. E pode ser justificativa de muitas pessoas para a venda do corpo; mas por outro lado, muitas pessoas suportam privações inimagináveis , exercendo trabalhos pesados e minímamente remunerados, tendo em troca a manutenção do bem precioso da dignidade.
Se eu acho indigno se prostiuir? Sim, eu acho. Também não considero mais digno que a prostituta o contratante do serviço. Não significa que você concorde, valores morais são variáveis entre as pessoas, dependem de uma série de convicções. E eu tampouco considero a prostituição uma profissão, dado que me nego a crer que haja nascido alguém que possua apenas o sexo casual e banal como talento. E também por acreditar que essa não é uma função socializante, que constrói algum valor para a humanidade. A meu ver a promiscuidade materialista apenas desconstrói as já conturbadíssimas bases de valores humanos.
Olhando friamente para a troca do corpo pelos bens, não sei se posso repudiar quem escolheu tão desumana forma de provento material, não conheço os meios que levaram ao fim; mas penso com imenso repúdio, acerca das inúmeras pessoas que utilizam os bens materiais, passageiros, que lhes foram ofertados pela vida, para comprar algumas horas, não só do corpo, mas também da dignidade de outra pessoa.

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