sábado, 28 de janeiro de 2012

Incoerência relativa.


Tudo é relativo. Nada como Einstein para dar o pontapé inicial nos paralelos que norteiam a nossa lógica moral.
Os fenômenos são distintos de acordo com a posição do observador, lógico que o brilhante cientista não suou atrás dessas conclusões afim de servir as analogias pífias que vou fazer, mas sabe que poderia?
Tudo é relativo na sociedade também.
Milhares morrem de fome na África subsaariana, e o mundo se movimenta em revolta com as seis vítimas fatais do naufrágio do Navio Costa Concordia.
Congressistas norte-americanos se movimentam em cerco a cyber pirataria, e nas redes sociais, multiplicam-se manisfestos e teorias conspiratórias, enquanto isso, silenciosamente, a economia dos EUA se desmancha em ativos insolventes, de braços dados com quase toda a Europa, o que o mundo inteiro sabe que, em algum momento, vai representar uma fatura trilíonaria para todo o resto pagar.
Mulheres são violentadas e assassinadas diariamente no silêncio do anonimato, sem Maria da Penha, tampouco investigações minunciosas, têm no máximo a atenção do Datena e fim; já o suposto estupro líder de audiência do Big Bowshit Brasil, mexe com os brios da sociedade brasileira! Até análise laboratorial das roupas de cama a Polícia se dignou a realizar.
É verdade, somos anônimos. Tudo o que envolve o cotidiano das pessoas comuns não interessa, não vale editoriais. Somos a prova da relatividade social: do ponto onde nos encontramos, os observadores enxergam apenas minúsculos seres, que servem para movimentar as pesadas engrenagens da economia mundial. Somos audiência, mão de obra, consumidores e pagadores de impostos. Servimos a governos, seguimos as regras, engolimos doutrinas econômicas, recebemos o que nos dão e dormimos e acordamos para trabalhar.
E assim continuamos, movimentando as  engrenagens do mundo moderno, quase sempre como coadjuvantes ou espectadores, mas sempre servos fieis dos interesses que nos dizem serem nossos. Mas, é claro, isso é relativo.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Dia 13, sexta do azar. É?

Hoje é dia 13, sexta-feira 13. Soltem seus cachorros, tranquem as portas e fechem os armários. Os monstros estão a solta, bruxas em vassouras sobrevoam os céus aos olhos dos supersticiosos de plantão e os gatos pretos aterrorizam os pedestres cruzando as avenidas.
Vampiro não conta. O mundo mudou gente...vampiro é galã! Tem milhares de mulheres e "homens" que passariam até um melzinho no pescoço para atraí-los.
Quem tem medo do dia de hoje evita escadas, gatos, encruzilhadas, não chuta macumba, faz sinal da cruz sem parar e cruza até o dedo do pé.
A fantasia da mente humana é incrívelmente persuasiva. Já ouvi várias vezes que uma mentira contada várias vezes pode se tornar verdade absoluta, então o mito da sexta-feira 13 continua sendo desculpa para o azar.
Hoje morreram pessoas, muitas. Assim como ontem. E também nasceram-eu nasci dia 13...casais se separaram, outros se apaixonaram. Políticos fizeram falcatrua(pelo telefone,sexta não tem expediente no congresso...), outros políticos por sua vez também! A parte ruim sempre é culpa do azar do dia, amanhã não.
Resumindo, hoje é um dia como tantos outros, sem pragas ou bençãos que não façamos por merecer.
Melhor do que ter medo dos monstros ocultos da noite, é ter medo do que deixamos porventura de fazer para sermos menos amedrontantes aos olhos dos que nos cercam.
Porque ainda haverão muitas sextas-feiras 13, mas certamente não estaremos aqui em todas elas.
Então vamos deixar essa bobagem de lado e comemorar, é dia 13, mas amanhã continua sendo sábado graças a Deus!

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Vida dura.


Você acorda para o trabalho de mau humor porque acha que ganha mau. Porque dormiu mau e ainda fez hora extra no dia anterior.
Espera pelo coletivo e sabe que vai vir lotado, atrasado e o preço é um absurdo.
No almoço você acompanha o telejornal com mais notícias de Brasília; verbas que somem, propinas que aparecem, o de sempre. Mortes, acidentes, chuva no fim semana! Acabou o mundo...a tragédia humana não tem fim.
Tudo aborrece, nada está bom.
Uma empresa nunca é boa para quem está dentro dela, falta reconhecimento, condições de trabalho e o cargo posterior que não te oferecem. As outras são sempre melhores.
Assim como no ditado da grama do vizinho, o melhor é sempre o que não temos. E sempre a insatisfação, nada é o bastante.
Seus filhos são desobedientes, sua família não te escuta, seu vizinho não respeita seu descanso...todos têm problemas demais, e os outros de menos.
Nosso eterno mal da insatisfação,que vai minando nosso bom humor, vai deixando a vida ácida.
Porque não podemos rebaixar o patamar de nossas ambições? Seríamos quem sabe mais felizes...quantos gostariam de ter o pouco que temos e pra eles seria muito?
Seu emprego é ruim? Pergunte a um desempregado o que ele pensa a respeito.
Sua família é problemática? Tenha uma conversa com alguém que perdeu os familiares em alguma tragédia cotidiana, algo que se vê aos montes na tv.
Você se sente desvalorizado? Procure valorizar um pouquinho os milhares de invisíveis da sociedade, que passamos sem notá-los, todos os dias nas ruas, e então talvez, após ver o contentamento de um deles com apenas um "bom dia" seu, quem sabe se sinta um felizardo na posição que ocupa.
Sempre que a vida parecer cruel, analise a crueldade da vida abaixo dos próprios pés, e talvez, apenas talvez, você pense duas vezes antes de vestir a carranca amargurada na manhã de segunda-feira.