domingo, 5 de maio de 2013

Por enquanto

Sugestão: Ouvir a música original por Legião Urbana - ´Legio Omnia Vincit`

  Os sentimentos não tem uma formula definida de medida, não podem ser quantificados na sua concepção nem no seu fim. 
  Costumo pensar que gostamos tanto quanto nos movimentamos a favor do sentimento, seja de qual natureza ele for. O quanto dizemos é vago e manipulável, mas o quanto nos doamos é obviamente inviolável! Não há ator que possa ser tão convincente a ponto de abandonar velhos hábitos, condutas egoístas e reprimir inclinações inferiores a fim de enganar qualquer pessoa por tempo determinado.
  Considero  atitudes muito valiosas, pequenas ou não. Quantificam o que a ciência e a filosofia não conseguem, nos dão parâmetros próximos do “real” do que sentimos e o que sentem por nós, e são um bom norte pra quem se perde na dúvida, na escuridão de palavras que se repetem sem atitudes, e não sabem muito bem classificar racionalmente onde fica a tênue linha que separa o que agrega do que apenas absorve.
  Sentimentos, de qualquer razão e natureza, pedem cultivo constante, trato delicado e dedicação espontânea.
   A reciprocidade é um complemento que chega sozinho, por  iniciativa quase inconsciente da outra parte; todo desvio requer atenção, algo está rachando, algum ponto não está conectado. O egoísmo cresce rápido e sufoca,  ele é o fruto e a semente de sentimentos doentes e parasitários. Em algum tempo, aquilo que estava cheio vai se esvaziar, nada bom sobrevive nesse contexto.
  As pessoas têm tempo e percepções diferenciadas, mas cada uma tem a sua hora. Alguns sentimentos são tão fortes que demoram anos para se esvair, mas gota a gota vão esvaziando o que antes estava cheio até a borda. E provável é, que esse recipiente, rachado pela incompreensão e desamor, não se renove. Ao menos não com o mesmo conteúdo de antes. Simplesmente porque ele não preenchia, apenas retirava...e esse sentimento provavelmente não há quem deseje.    

segunda-feira, 18 de março de 2013

A rede social

Tenho usado muito as redes sociais. Assim como os outros 64.800.000 de brasileiros que a meu lado tornam o Brasil o segundo maior nicho da rede no mundo. E como tenho acessado diariamente, posso hoje fazer um balanço pessoal do facebook na minha vida: nulo. -Mas que hipócrita! Logo se pensará, afinal quando terminar de escrever vou compartilhar o link exatamente lá! Pois é, mas isso é imensamente irrelevante, bem como a maioria do que se compartilha. Não haverão "curtidas", tampouco compartilhamentos, esse não é o padrão facebook de qualidade que, sejamos sinceros, nós criamos e fazemos, a rede é exatamente o que nós fazemos dela: uma nulidade cultural e de validade extremamente duvidosa, recheada de mensagens religiosas suspeitas, piadas sobre futebol e gracinhas mil. O importante nesse contexto não é avaliar minha timeline e perceber que sou assim também, porque eu sou talvez até pior. O que vale é analisar racionalmente o que as redes sociais dizem sobre nós e nossa sociedade. O hedonismo exacerbado, o egocentrismo cultivado gloriosamente e a imensa necessidade de autoafirmação mostram quem somos; as exceções não são tão melhores, com a visão turva, que os leva a crer serem excepcionalmente melhores, ao se acharem sublimadas no fanatismo religioso, quase sempre preconceituoso e excludente... esses também revelam que o contrário é indigesto e infame a seu modo. O "face" se torna cada vez mais propaganda pessoal, mostrando aos "amigos" o quão felizes somos. Quantas viagens fazemos, de check-in em check-in vendemos a imagem da imensa felicidade, de como o dia-a-dia nos é doce e afável. A cada curtida um ego se infla, em cada comentário a certeza de que estamos juntos de dezenas de pessoas, centenas! A cada frase pronta à falsa idéia de que isso nos torna bem resolvidos, cultos e cheios de personalidade. Isso é o que queremos que os outros vejam afinal ninguém mostra o feio, o chato, não se admira isso..então vamos moldando nossa vida virtual como gostaríamos que fosse a vida real, para que sejamos admirados, invejados, para receber tapinhas virtuais nas costas e alimentar o círculo vicioso de aparências, fazendo com que outros e outros tentem parecer ainda mais vitoriosos! O mundo virtual é perfeito, porque só colocamos nele o que nos convém. Uma pena que não seja assim também fora dos domínios HTTP, a vida seria mais fácil. Não se preocupe se você é assim, preocupe-se se você se ofende em ouvir isso, porque é um sinal perigoso de que está começando a acreditar nas histórias perfeitas que você conta no mural... porque acima de tudo, somos humanos, cada um a seu nível também orgulhosos e é normal tentar frisar apenas suas qualidades, suas vitórias! Os amigos do facebook podem até acreditar, na maioria centenas, mas os amigos de verdade, os de carne e osso que nos sustentam quando fraquejamos, esses nos conhecem, sabem das nossas lutas, conhecem nossas falhas e limitações, e não precisamos esconder isso deles, porque eles de fato são nossos amigos. E normalmente cabem nos dedos de uma só mão.