quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Desabafos da noite.

A noite se aproxima e eu não consigo deixar de pensar na sua presença. Não te vejo, mas sei que me aguarda com a mesma ansiedade com que te procuro, antes de me render a sonolência.
Dividimos a cama tantas vezes que já não sei qual é o meu lado, todos os cantos do apartamento guardam suas marcas, tudo me lembra você e não consigo apagar essas memórias marcadas nas paredes e na minha pele.
Meu sangue corre quente pelo seu corpo e já posso ouvir seu inconfundível som sussurrando em meus ouvidos. Mas, fulgaz, você me escapa entre os dedos a todo tempo.
Quero viver sem você, mas não consigo, rechaço sua presença, não tenho sucesso.
Então continuo, dando meu sangue por ti todas as noites. E a matar-te pela manhã.
Mas a noite,novamente, aparece um clone teu a me apavorar como que a dizer com seus zumbidos: "você é meu, mesmo que me mate pela manhã, a noite estarei aqui "
Já tentei te afastar com raquetes, me intoxiquei com pastilhas de veneno, pulverizei mais veneno com querosene, mas, no fim, você sempre vence pelo cansaço, com a persistência de um guerreiro.
Enfim, eu me rendo a você pernilongo, maldito mosquito hematófago, sagaz e insaciavel. Vamos continuar nobres, partilhando cordialmente nossas noites, sempre com essa desequilibrada relação onde eu dou sangue e você me traz apenas irritação e insônia.

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